Quero o divórcio, mas tenho filhos pequenos!

Calma, nem tudo precisa ser ruim. O processo de divórcio é visto como doloroso e caro pelos casais. Quando na relação existem filhos, com maior pesar ainda a situação é encarada.Todavia, se observarmos sob o viés da relação, talvez o divórcio seja sim positivo e até benéfico para os genitores e seus filhos.

Pais convivendo maritalmente sob o mesmo teto, em constante briga, discussão e clima hostil pode gerar traumas aos filhos, podendo dificultar relacionamentos futuros para essas crianças, quando adultas forem. O que pode ser mais caro que um filho rebelde, frustrado, agressivo, ansioso ou com dificuldade de relacionamento com outras pessoas?

Segundo a psicopedagoga, especialista em neuroeducação Juliana Vargas (https://clinicatodos.com.br/), filhos de casais que estão em constantes brigas e discussões verbais tem mais chances de serem emocionalmente inseguras quando adolescentes, enfrentando problemas como depressão e transtornos de ansiedade.

Juliana refere ainda a dificuldade de relacionamento na vida adulta de pessoas que viveram com pais em conflitos constantes, quando crianças. 

Filhos que presenciam conflitos entre os pais, brigas, trocas de ofensas tendem a ter problemas escolares, dificuldades de sociabilização e, possivelmente, repetirão o mesmo comportamento agressivo em suas relações futuras. Por outro lado, se pensarmos na condução madura e saudável de um divórcio, no qual os genitores pensam especialmente no bem estar de seus filhos, preservando a imagem do outro genitor, bem como a relação amigável e fluída de todos, podemos visualizar os ganhos.

Divórcios bem conduzidos, sem qualquer prática de alienação parental, foco em resolução das possíveis divergências e no bom desenvolvimento das crianças, são infinitamente mais positivos para o crescimento saudável destes, que a permanência e crescimento em ambientes bélicos.

A melhor forma de “blindar” os filhos das perdas causadas pelo divórcio é cuidando o espaço e a opinião do outro genitor, possibilitando a permeabilidade de relações positivas, fundamentais para o bom crescimento físico e emocional que toda criança merece ter.

Sabemos que divórcio envolve frustrações, medos, insegurança e isso, muitas vezes nos priva momentaneamente da razoabilidade, desejando vingança e gerando raiva em relação ao ex-cônjuge. Todavia, ao escolhermos um profissional advogado de nossa confiança, com sabida habilidade de composição, tranquilidade para lidar com as partes e profundo conhecimento técnico, deve-se acreditar no trabalho deste e buscar conjuntamente uma solução mais benéfica para a família.

Adiar a separação, permanecendo em uma relação com a convivência já deturpada, sob a justificativa de esperar os filhos crescerem, jamais será uma solução, eis que os conflitos permanecerão e a criança estará em meio ao conflito. Claro que acredito que o divórcio deve ser a última possibilidade e jamais visto como a solução imediata dos problemas. Devemos ter maleabilidade para aceitar as frustrações e dificuldades corriqueiras do casamento.

Antes de decidirmos pelo divórcio, devemos tentar alternativas como terapias, sejam individuais ou de casal, conversas, programas diferentes, dentre outras tantas possibilidades. Cada casal certamente sabe quais problemas principais afetam a relação e como tentar buscar uma reconciliação. Mea-culpa sempre é um bom começo. 

Não sendo possível a reconciliação e tentada de todas as maneiras, passa então a ser o momento de pensar no bem estar de cada um dos cônjuges e, especialmente dos filhos. Estudos já demonstraram que crianças que cresceram em lares saudáveis, repletos de amor, mesmo que com pais nunca casados ou separados, possuem uma capacidade de cognição, relacionamento e sociabilização bastante superior aos que crescem em ambientes com constantes brigas, conflitos e amargura.

Para suprir a insegurança que podem os filhos vir a sentir pela perda da convivência diária mútua com os genitores e afastar o distanciamento de um deles em relação ao filho são medidas muito comuns hoje como a guarda compartilhada e convivência igualitária de tempo dos filhos com ambos pais. Isso minimiza a ideia de controle total de um dos pais sobre os filhos e aquela imagem de pai ou mãe de final de semana, apenas para brincadeiras. 

Além de um ambiente feliz trazer benefícios ao desenvolvimento dos filhos, padrastros e madrastras podem ter papéis especiais para o desenvolvimento dos menores. Calma, isso não quer dizer que você, pai ou mãe, perderá seu espeço como tal. Pais e mães possuem papéis fundamentais e insubstituíveis. O que aqui refiro é o acréscimo de atividades, leituras, conhecimentos, experiências diferentes do já vivido e trazido pelos genitores à seus filhos, que pode haver pela diversidade de convivência.

Em vivências com clientes já tivemos o prazer de acompanhar padrastros e madrastras que auxiliaram em atividades que os genitores jamais se viram conhecedores ou capazes, mesmo que especialistas ou outras tantas atividades. O resultado para a criança e para a família foi maravilhoso.

Sim, sabemos que o relatado acima é o ideal quando da impossibilidade de continuidade de uma determinada relação, mas precisamos nos dar conta de quem faz os comportamentos serem maduros e benéficos somos nós. A pior postura é aquela de quem espera mudança de atitude do outro. Comece por si. Olhe para si e ame-se! Seu filho será reflexo disso.

Michele Rosendo Vargas

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